27 de out. de 2016

Teste do Nissan Kicks SL

Teste do Nissan Kicks SL

A Nissan sempre teve planos ousados para o Brasil. Quando iniciou sua produção nacional em Resende, no Rio de Janeiro, queria pular dos 2% de participação para os 5% até 2016. Hoje, dois anos e meio depois, conseguiu chegar aos 2,93% no acumulado de 2016, mas já vê uma luz no túnel para elevar esse número: sua aposta nos SUVs compactos com o Kicks. Tanto que, ao analisar isoladamente o mês de setembro, quando o mais novo lançamento teve 2.367 emplacamentos, essa participação já é de 4,09%. A seu favor, a fabricante japonesa tem a boa relação custo/benefício da versão de topo SL, a única disponível por enquanto no país. Outras configurações – confirmadas, só a de entrada S e a intermediária SV – chegarão ano que vem, quando for iniciada a sua linha de produção no Brasil.

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Para que todas as atenções no mercado automotivo nacional fossem voltadas para o Kicks, a Nissan aproveitou o patrocínio às Olimpíadas e Paralimpíadas do Rio de Janeiro para promover seu lançamento global. Mas a primeira aparição do modelo, ainda como conceito, foi no Salão de São Paulo de 2014. Por enquanto, sua produção acontece apenas no México, o que limita a quantidade de unidades disponíveis para a venda no Brasil. Apesar do preço extremamente competitivo no segmento em que atua, diante de uma lista de equipamentos boa para uma variante de topo: R$ 89.990.

O SUV compacto combina elementos que misturam uma proposta de robustez e, ao mesmo tempo, de modernidade. A grossa barra em “V” que circunda a grade dianteira, o para-choque frontal avantajado e os vincos acentuados que percorrem toda a carroceria exaltam a ideia de resistência. Já os faróis em ângulo, as rodas de 17 polegadas e o teto flutuante, que se “desgarra” visualmente da carroceira ao ser combinado com colunas em preto, expressam um ar mais contemporâneo e que se assemelha aos últimos lançamentos globais na categoria em que atua.

Para mover o Kicks, a Nissan adota o mesmo propulsor 1.6 16V flex presente nos nacionais March e Versa. Com comando variável na admissão e escape, o motor, no entanto, recebeu para o Kicks uma nova calibração que elevou a potência dos 111 cv anteriores para 114 cv, tanto com etanol quanto com gasolina no tanque. O torque também se alterou e passou dos 15,1 kgfm para 15,5 kgfm, mas ainda aos 4 mil giros. A transmissão é sempre continuamente variável, mas também recebeu modificações em relação ao CVT que equipa March e Versa. No crossover, ele simula até seis marchas quando se pressiona o acelerador acima de 50% do curso total.

A lista de itens de série é farta. Há direção elétrica, central multimídia com GPS, seis airbags, revestimento de banco, puxadores e volante em couro, painel parcialmente em TFT, chave presencial e outros itens. Controles eletrônicos de estabilidade e tração e assistente de partida em rampa também aparecem, além de sistemas menos comuns no segmento. Caso do controle em curvas, detector de objetos em movimento e controle dinâmico de chassi – que atua para equalizar o movimento das suspensões dianteira e traseira. O carro ainda conta com um sistema de câmaras que foge do lugar-comum da retrovisão: há a de ré, uma dianteira e duas laterais, que juntas formam uma imagem 360º do exterior. O resultado é uma visão simulada de cima do carro, que possibilita que o condutor enxergue, de dentro do Kicks, todos os obstáculos no lado de fora.

Ponto a ponto

Desempenho – O motor 1.6 16V responde bem às pisadas no acelerador, mas é o mesmo que equipa as versões mais caras do hatch March e do sedã Versa em suas configurações de topo. No caso do Kicks, no entanto, recebeu uma nova calibração e rende 114 cv, com etanol ou gasolina, e 15,5 kgfm – contra 111 cv e 15,1 kgfm dos dois modelos nacionais. A transmissão é sempre continuamente variável, mas simula seis marchas sempre que o acelerador é pressionado acima de 50% do curso total. Não há nenhum ímpeto de esportividade, mas faz um bom trabalho tanto na cidade quanto na estrada. Nota 8. Estabilidade – O Kicks é um carro leve – são 1.142 kg na única versão disponível no Brasil. Em velocidades em torno de 120 km/h, convém ter mais firmeza na direção. Mas, de maneira geral, o comportamento é equilibrado. Além disso, ele já chega com os controles dinâmicos de estabilidade e tração, para atenuar qualquer excesso do motorista. Nota 8. Interatividade – Todos os comandos são bem posicionados e, de maneira geral, o Kicks não é um carro difícil de lidar no dia a dia. Um ponto forte é que, além da câmara de ré comum, no monitor central é exibida também uma imagem 360º, formada por quatro câmaras – dianteira, traseira e uma sob cada retrovisor externo – que simulam a visão aérea. No entanto, as saídas de ar-condicionado centrais, um tanto pequenas, podem passar a sensação de que há uma demora para refrigerar o ambiente em dias mais quentes. E faz falta controle de velocidade de cruzeiro, principalmente por se tratar de um veículo na faixa dos R$ 90 mil. Além disso, a central multimídia é inferior à utilizada nas versões mais caras dos compactos nacionais da Nissan, que já acessam internet via wi-fi e contam com aplicativos pré-instalados. Pelo menos, a chave é presencial. Nota 7.

Consumo – O Kicks recebeu nota “A” na sua categoria e “B” na classificação geral do Programa Brasileiro de Etiquetagem do InMetro, com médias de 8,1/9,6 km/l com etanol e 11,4/13,7 km/l com gasolina na cidade/estrada. Seu índice de consumo energético foi de 1,74 MJ/km. Nota 8. Conforto – Como todo SUV compacto, o Kicks tem um espaço interno até próximo ao de um modelo médio. Quatro pessoas viajam com bastante folga e um quinto elemento, em trajetos curtos, não interfere tanto. A suspensão absorve com competência as irregularidades e a densidade dos bancos é boa. Nota 8. Tecnologia – A plataforma V é a segunda geração da B-zero da Nissan, com estrutura reforçada, novos materiais no assoalho, painéis laterais e frontais e mais pontos de solda. O pacote de itens de série é bom, com direção elétrica, seis airbags, revestimento de banco, puxadores e volante em couro, painel parcialmente em TFT e chave presencial, entre outros “mimos”. Tem controles eletrônicos de estabilidade, tração e partida em rampa e mais alguns sistemas menos comuns no segmento, como controle em curvas, detector de objetos em movimento e controle dinâmico de chassi, que equaliza o movimento das suspensões dianteira e traseira. Mas a central multimídia é inexplicavelmente inferior à disponível para o March, que é bem mais barato. Nota 7.
Habitabilidade – O bom ângulo de abertura das portas faz com que seja bem fácil entrar e sair do carro. No interior, existem poucos vãos para guardar objetos de uso pessoal. O porta-malas leva 432 litros e o bom espaço interno é um dos pontos fortes do carro. Nota 8. Acabamento – Há plástico rígido por todos os lados, mas isso não foge muito à realidade do segmento no Brasil. Apesar do uso de cromados, preto brilhante e couro pespontado no painel, a cabine não transmite a ideia de requinte. Os encaixes são bem feitos e os materiais aparentam boa qualidade, mas não surpreende. A forração do teto fica aquém do que se espera de um modelo desta faixa de preço. Nota 6. Design – O Kicks tem bom porte e um visual extremamente contemporâneo. As linhas são bem-marcadas e o teto flutuante confere uma dose extra de charme ao modelo – na versão testada, pintado em laranja metálico. Mas se assemelha demais ao seu principal concorrente por aqui: o Honda HR-V. É bonito e elegante, mas não chega a ter uma personalidade própria. Nota 7.
Custo/benefício – O Nissan Kicks SL começa em R$ 89.990 e já se trata de uma configuração de topo no line up da fabricante nipônica. Ele tem motorização inferior à dos rivais, mas uma relação peso/potência semelhante. E seu preço, em comparação a versões semelhantes do Jeep Renegade e do Honda HR-V, chega a ser mais de 15% em conta. O Ford EcoSport Titanium 2.0 é tão bem equipado quanto o Kicks e custa R$93.550. Nota 7. Total – O Nissan Kicks SL somou 75 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

Leveza e economia

O visual do Kicks é imponente e, ao mesmo tempo, elegante. A combinação da cor grafite da carroceria com o tom metálico alaranjado do teto opcional da versão testada insere uma dose extra de charme ao carro. Assim como o teto “flutuante”, que o aproxima do desenho de alguns modelos de segmentos premium. Por dentro, no entanto, é um pouco decepcionante ver a abundância de plásticos rígidos e uma central multimídia que já não é adotada nas versões de topo dos modelos de entrada da marca nipônica no país. No painel de instrumentos, um grande velocímetro analógico aparece no cluster de TFT, enquanto as outras informações são mostradas digitalmente. Ali também aparecem orientações do navegador por GPS, presente no sistema de entretenimento e som do Kicks SL. De cara, nota-se a falta do controle de velocidade de cruzeiro e de sensor de chuva. Ou, pior, de um apoio de braços central entre os bancos da frente.
O acesso ao veículo e a partida do motor se dão sem o uso da chave, que é presencial. A direção é leve nas manobras de estacionamento e ganha firmeza conforme o ponteiro do velocímetro sobe. O motor 1.6 de 114 cv não chega a instigar o motorista – até porque chega acompanhado pela transmissão continuamente variável, capaz de simular até seis marchas. Mas o SUV compacto se mostra ágil na cidade e na estrada, graças à boa relação de 10,01 kg/cv.  Nas curvas, há um bom equilíbrio e é difícil ver os aparatos eletrônicos de segurança darem as caras. A verdade é que, até pelo trem de força mais contido, o Kicks SL inspira um passeio tranquilo e confortável, e não arroubos de velocidade ou muita pressa ao volante. Um ponto importante para quem opta por um veículo familiar é a economia de combustível e isso, de fato, chama atenção no modelo. O InMetro aferiu 13,7 km/l na estrada, com gasolina no tanque, para o modelo. Mas é possível extrair um consumo ainda menor do crossover. E em tempos de combustíveis tão caros no Brasil, não é nada mau poder ficar um bom tempo sem precisar visitar um posto para abastecer.

Ficha técnica

Nissan Kicks SL

Motor: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando com variação contínua de abertura das válvulas. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto semi-sequencial indireta.
Transmissão: Continuamente variável, do tipo CVT. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 114 cv a 5.600 rpm com etanol e gasolina.
Aceleração 0-100 km/h: 12 segundos.
Velocidade máxima: 175 km/h.
Torque máximo: 15,5 kgfm a 4 mil rpm com etanol e gasolina.
Diâmetro e curso: 78 mm X 83,6 mm.
Taxa de compressão: 10,7:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo MacPherson com barra estabilizadora. Traseira por eixo de torção. Oferece controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 205/55 R17.
Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás. Oferece ABS com EBD e assistência de partida em rampa.
Carroceria: Crossover em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,30 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,59 m de altura e 2,61 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais e de cortina de série.
Peso: 1.142 kg.
Capacidade do porta-malas: 432 litros.
Tanque de combustível: 41 litros.
Produção: Aguascalientes, México.
Lançamento mundial: 2016.
Lançamento no Brasil: 2016.
Itens de série: Abertura da tampa de combustível por acionamento interno, acabamento dos bancos em couro, sensor crepuscular, ar-condicionado automático digital, banco do motorista com ajustes de altura, banco traseiro bipartido 60/40, chave inteligente presencial, comando elétrico de abertura do porta-malas, controle de áudio e funções do painel no volante, trio e direção elétricos, painel multifuncional colorido de 7 polegadas com mais de 12 funções, revestimento do painel e do apoio de braços nas portas em couro, volante com acabamento em couro, de três raios e com regulagem de altura e profundidade, aerofólio integrado na cor do veículo, faróis dianteiros com assinatura em leds, rack de teto longitudinal prata, rodas de liga leve de 17 polegadas, airbags frontais, laterais e de cortina, alarme perimétrico, câmera 360° com imagem integrada ao display do rádio, controle dinâmico de chassi, em curvas e de freio motor, detector de objetos em movimento, estabilizador ativo de carroceria, faróis de neblina, fixadores traseiros para cadeiras de crianças (ISOFIX), freios ABS com controle eletrônico de frenagem e assistência de frenagem, sensor de estacionamento, assistente de partida em rampa, controle eletrônico de estabilidade e tração, rádio CD Player com MP3 e tela touchscreen colorida de 7 polegadas com entrada auxiliar para MP3 Player/iPod, USB, Bluetooth e GPS. 
Preço: R$ 89.990.
Opcionais: Cor grafite na carroceria e teto laranja metálico. 
Preço completo: R$ 93.840.

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/CZN

Na direção certa - Preço competitivo do Kicks SL aproxima a Nissan dos sonhados 5% de participação no Brasil

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 26 Oct 2016 14:45:00

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