27 de jul. de 2016

Teste do novo Ford Edge

Teste do novo Ford Edge

O Ford Edge mudou o estilo, a plataforma e a vocação. Na geração anterior, a primeira, de visual mais pesado, a montadora direcionava a briga para o segmento de utilitários esportivos grandes, como Mitsubishi Pajero Full, a Chevrolet Trailblazer e a Toyota SW4. Agora o alvo é outro: os crossovers mais luxuosos, como BMW X5, Range Rover Evoque e Volvo XC90. Para contrabalançar o valor atribuído às marcas premium e ter alguma vantagem competitiva, a Ford tratou de refinar o visual e rechear seu crossover com um verdadeiro arsenal tecnológico. O Edge passa ser oferecido nas concessionárias da marca em agosto por R$ 229 mil – ou R$ 239 mil com teto solar panorâmico e telas de LCD nos encostos de cabeça para o banco traseiro.

Veja também:
  • Novo Ford Edge chega com preço de R$ 229.900
À primeira vista, o Edge tem boas condições de brigar no andar de cima. Principalmente porque interna e externamente, é um veículo atraente. O acabamento do crossover é muito bem cuidado, com materiais de boa qualidade. As linhas externas também são mais refinadas. Elas guardam alguma semelhança com o estilo do EcoSport, principalmente na frente, mas com um pouco mais de ousadia – especialmente no caimento da coluna traseira, bem inclinada. Mas acima de requinte e beleza, a Ford aposta na eletrônica para emplacar seu crossover. Boa parte da tecnologia injetada no Edge tem como tema a segurança. E pelo menos dois desses recursos são inusitados por aqui. O primeiro é a câmara frontal com visão de 180º, que projeta no console central a imagem do que está à frente do carro, para uma saída de vaga ou um cruzamento sem visibilidade. O próprio motorista aciona o dispositivo, que só funciona em baixas velocidades. O outro são os cintos traseiros infláveis, que se unem aos oito airbags “normais” – frontais, laterais, de joelhos para os dois passageiros da frente e de cabeça. Em caso de impacto, este sistema ameniza as lesões por impacto dos ocupantes contra o cinto.

A lista dos recursos de segurança é realmente longa. Ela inclui controle de cruzeiro adaptativo, alerta de proximidade para o veículo da frente, monitoramento de faixa e de ponto cego, farol alto automático, além de óbvios ABS e controles de tração, estabilidade e de partida em rampa. O Edge também recebe um forte apoio eletrônico para a condução. Caso da direção elétrica com assistência dinâmica, que muda a relação da direção com as rodas – em baixas velocidades, é preciso girar menos o volante para alcançar um ângulo maior de esterçamento. Há também o sistema de estacionamento automático para vagas perpendiculares ou paralelas, além de sensores de obstáculos de 360º e câmara de ré. Há ainda pequenos confortos que tornam o convívio com o Edge um pouco mais prazeroso, como o sensor de movimento sob o carro para abertura e fechamento da tampa do porta-malas,  bancos com aquecimento, sendo que os dianteiros têm também refrigeração, sensores de luminosidade e de chuva, luz ambiente com sete configurações de cor, abertura das portas através de código numérico, chave presencial para travas e acionamento do motor, freio de mão elétrico com liberação automática, bancos e volante com ajustes elétricos com memória e até vidros laminados nas laterais para reduzir o ruído interno.

A Ford decidiu manter o mesmo propulsor que equipava a primeira geração. E teve alguns motivos para isso. Um é que simplifica a vida da marca e seus concessionários, que podem manter a mesma base de peças de reposição. Outro é que a opção de trazer o Ecoboost 2.7 litros da versão Sport, de 315 cv, encareceria muito o carro. Então, o V6 3.5 litros de 284 cv de potência e 34,6 kgfm de torque era o único que aproxima o Edge do desempenho oferecido pelos rivais – a não ser pelo Evoque, que tem 240 cv, todos têm em torno de 300 cv. Quando ensaiou entrar na briga dos crossovers de luxo, a partir do face-lift de 2012, o Edge conseguiu emplacar em torno de 250 unidades mensais. Agora Ford não se arrisca em definir um volume de vendas, mas a proposta de atuar diretamente no mercado de luxo pode ser bem eficaz. Afinal, a crise é sempre mais amena no topo da pirâmide.

Ponto a ponto

Desempenho – O zero a 100 km/h em menos de 8 segundos dá bem a ideia de como o motor 3.5 de 284 cv lida bem com as 2 toneladas do Ford Edge. Em uma condução mais calma, o V6 funciona de forma bem suave e harmônica. Mas quando se exige um pouco mais – seja em uma retomada, seja numa tocada mais esportiva –, o câmbio de seis marchas demora a interpretar as intenções do condutor. Depois que entende, porém, o crossover se vale de seus quase 35 kgfm de torque e ganha bastante agilidade. A máxima limitada a 180 km/h é coerente com a proposta do carro. Nota 8. Estabilidade – Além dos aparatos eletrônicos, o Edge se apoia nos pneus larguíssimos – 245/50 –, nas rodas de aro 20, na estrutura bastante rígida – 25% a mais que a primeira geração – e no sistema de tração integral on demand. A sensação ao volante é de se conduzir um sedã como o próprio Fusion, com que compartilha a plataforma. O compromisso entre conforto e estabilidade é bem cumprido pela suspensão, com McPherson na frente e multlink atrás. Nota 9.

Interatividade – Boa parte da eletrônica embarcada no Edge é dirigida ao que a Ford classifica como direção semi-autônoma. Isso se aplica ao controle de cruzeiro adaptativo e estacionamento automático, por exemplo. Mas também diz respeito ao sistema multimídia com comandos de voz Sync com GPS, aos sistemas de monitoramento e até ao painel em LCD configurável. O câmbio de seis marchas com borboletas no volante e o próprio volante multifuncional com nada menos que 23 comandos diretos trazem para a ponta dos dedos praticamente todas as funções do carro. Nota 10Consumo – O novo Ford Edge ainda não aparece nas medições do InMetro. Na avaliação da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, ele obteve oficialmente a média de 8,5 km/l – consumo que deve aumentar consideravelmente por conta da gasolina contaminada com etanol vendida no Brasil. Para um carro com 2 toneladas, não chega a ser alarmante. Nota 7.

Conforto – A boa vida a bordo é uma das maiores apostas da Ford para emplacar o Edge na briga com modelos de luxo. são pequenas modernidades que vão desde o sistema de estacionamento automático até o controle de cruzeiro adaptativo, passando pela abertura e fechamento da tampa da mala por sensor de movimento. Os bancos elétricos climatizados têm ergonomia perfeita e parecem e merecem até ser classificadas como poltronas. A suspensão absorve as imperfeições do piso e o ruído fica realmente do lado de fora – mal dá para ouvir o motor funcionando. Nota 9. Acabamento – Os materiais são todos de boa qualidade e a montagem é bem-feita. O aspecto geral é extremamente agradável, com revestimentos de bom gosto ao misturar plásticos brilhantes, frisos em alumínio e cromo, couro e plásticos emborrachados. A iluminação interna indireta, configurável em sete cores, cria um ambiente elegante, embora sem requinte. Nota 8.
Tecnologia – O modelo foi lançado no ano passado nos Estados Unidos e Europa e está atualizado com o que a Ford tem de melhor em eletrônica e auxílio à condução. A plataforma, a mesma dos sedãs Fusion e Taurus, tem 25% a mais de rigidez em relação à primeira geração. Apenas o motor, um V6 aspirado de 3.5 litros, não está entre os mais modernos da marca. Nota 8. Habitabilidade – O espaço para pernas e cabeça no habitáculo do Edge é generoso em qualquer um dos assentos. A largura avantajada do modelo permite até que três adultos viajem atrás sem maiores apertos. A boa altura interna cria uma sensação de amplitude, que é melhorada na presença do teto panorâmico opcional, O ótimo porta-malas, com 602 litros até a altura do vidro, permite concentrar todas as traquitanas típicas de uma viagem em família. Nota 9
Design – O visual do Edge mudou radicalmente. Ele abandonou as linhas extremamente robustas da primeira geração – do conceito Bold Design – e adotou uma estética mais elegante, com traços mais rápidos, apesar de manter a imponência. No interior, o estilo é sóbrio e elegante. Nota 8Custo/benefício – O Edge a partir de R$ 229 mil não é um modelo acessível. Mas a Ford se baseia exatamente no fato de oferecer muito conteúdo por um preço próximo ao de rivais premium para cavar um lugar no mercado de crossovers/suvs de luxo. De fato, em marcas como BMW, Audi, Land Rover e Mercedes-Benz, um carro com dimensões e conteúdo semelhante vai sair por mais de R$ 300 mil. Na briga, o Edge representa uma opção mais racional dentro de um segmento comandado pelo status e pelo glamour. Nota 8. Total – O Ford Edge somou 84 em 100 pontos possíveis.

Primeiras impressões

Campos do Jordão/SP – A Ford se impôs um grande desafio ao posicionar o Edge na linha de frente contra marcas como BMW, Volvo e Range Rover. Independentemente das qualidades objetivas do crossover construído no Canadá, este é um segmento em que as aparências contam muito. A melhor arma da montadora norte-americana será, então, convencer os possíveis consumidores a entrarem no habitáculo. Neste momento, eles se depararão com um carro muito bem recheado de tecnologia e recursos voltados para a segurança e o conforto.
A câmara dianteira de 180º, por exemplo, facilita muito a saída de garagens e os sensores em todo o entorno do carro dão a certeza de praticamente eliminar pequenos acidentes de estacionamento. O espaço interno é extremamente generoso e os bancos têm uma ergonomia impecável, que sustenta perfeitamente o corpo nas curvas. Mimos como o sistema de abertura da tampa do porta-malas, que se abre quando a pessoa passa o pé sob o para-choque, servem para tornar o convívio com o Edge ainda mais agradável. Dinamicamente, o crossover da Ford também se sai bem. A boa rigidez da carroceria, os pneus e a tração integral – única opção importada para o Brasil – tornam o veículo absolutamente neutro. O limite fica mesmo com o motor V6 de 3.5 litros. A cavalagem, de 284 cv, é respeitável e o gerenciamento do câmbio de seis marchas consegue extrair dele um bom comportamento.
Para o segmento premium atual, no entanto, esse desempenho pode ser pouco. Nem tanto pelos números de aceleração, mas pela forma com que o Edge entrega a potência e principalmente o torque. Os propulsores da moda, com turbo, oferecem todo seu vigor a partir de giros baixíssimos. Pouco acima da marcha lenta e bem dentro do conceito de glamour.

Ficha técnica

Ford Edge V6 3.5 AWD

Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 3.496 cm³, seis cilindros, quatro válvulas por cilindro. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático com seis velocidades ã frente e uma a ré. Tração integral on demand.
Direção: Elétrica com assistência dinâmica.
Potência máxima: 284 cv a 6.500 rpm.
Taxa de compressão: 10,8:1
Torque máximo: 34,6 kgfm a 4 mil rpm.
Suspensão: Independente do tipo McPherson com subframe e barra estabilizadora na frente. Traseira independente multilink com barra estabilizadora. Oferece controle de estabilidade.
Pneus: 245/50 R20.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS com EBD e controle de aclive.
Carroceria: Utilitário em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,77 metros de comprimento, 2,17 m de largura e 1,74 m de altura e 2,84 m de distância entre-eixos. Possui airbags frontais, laterais, de cortina e para joelhos dos ocupantes da frente. Possui cintos infláveis para os ocupantes traseiros.
Peso: 2.040 kg.
Capacidade do tanque de combustível: 70 litros.
Capacidade do porta-malas: 602 litros.
Produção: Oakville, Canadá.
Lançamento: 2015.
Itens de série: Bancos dianteiros aquecidos e refrigerados com ajustes elétricos, bancos traseiros aquecidos, ajuste elétrico de direção com memória de três posições, ar-condicionado automático e digital com controle de temperatura duplo e saída para os bancos traseiros, rebatimento automático dos bancos traseiros, abertura inteligente do porta-malas com sensor de presença, sistema de estacionamento automático, chave com sensor de presença e partida remota, câmara frontal com visão 180°, oito airbags, cintos de segurança traseiros laterais infláveis, farol alto automático, piloto automático adaptativo, alerta de colisão, alerta de permanência em faixa, alarme antifurto, monitoramento de ponto cego, sensores de estacionamento 360º, chave presencial, abertura de portas por código e sistema de monitoramento de pressão baixa dos pneus, sistema multimídia com bluetooth, CD player, GPS e comando de voz.
Preço: R$ 229.900.
Opcionais: Teto solar panorâmico (R$ 5 mil) e sistema de entretenimento traseiro (R$ 5 mil)
Preço completo: R$ 239.900.

Autor: Eduardo Rocha (Auto Press)
Fotos: Eduardo Rocha/Carta Z Notícias

No topo do mercado - Ford aposta nos recursos eletrônicos e no design do Edge para rivalizar com modelos de luxo

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 27 Jul 2016 11:45:00

Nenhum comentário:

Postar um comentário