20 de jan. de 2016

Impressões do Fiat Doblò Adventure

Impressões do Fiat Doblò Adventure

Em meio à proliferação de utilitários esportivos compactos no “line up” das marcas automotivas no Brasil, a Fiat faz o que pode para tentar conquistar sua fatia nesse nicho. E, curiosamente, seu trunfo é justamente a Doblò, multivan já bastante conhecida dos brasileiros – foi lançada por aqui em 2001. Em sua versão de topo, a Adventure, a Dobló tenta aliar características típicas dos utilitários esportivos – como bom espaço interno e capacidade para levar até seis passageiros – à estética e apelo aventureiros. Tal apelo inclui até o estepe pendurado na tampa do porta-malas e, opcionalmente, o diferencial autoblocante Locker.

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As vendas da Doblò nunca impressionaram muito. O melhor ano, na verdade, foi 2011, quando a Fiat registrou 1.097 emplacamentos mensais, segundo dados da Fenabrave e contando apenas as versões de carro de passeio – a Doblò também é oferecido como furgão, na variante Cargo. Entre janeiro e dezembro do ano passado, mesmo diante da proliferação de SUVs no país e a queda de 24% nas vendas de automóveis, o modelo ainda teve média de 735 unidades por mês. E a configuração de topo serve de vitrine para ele.

O número pode até parecer baixo, mas trata-se de um utilitário que não recebe novidades significativas desde 2009, quando ocorreu seu único face-lift no país. A multivan brasileira, aliás, nunca recebeu a segunda geração lançada na Europa, em 2009 – e que já passou pela sua primeira reestilização, no ano passado. Por aqui, ainda é usada a mesma plataforma adotada na época do lançamento, em 2000. Exceto por um ou outro detalhe inserido a cada ano na renovação de sua linha – na 2016, a Doblò Adventure ganhou só rádio com Bluetooth e sensor de estacionamento traseiro de fábrica –, nada foi mexido.

Uma das principais vantagens da Fiat Doblò é o habitáculo espaçoso. Incluindo o porta-malas, que comporta, sem a utilização do banco individual da terceira fileira, 665 litros de carga. Com ele em uso, cai para 450 litros, capacidade que ainda se destaca, na média dos utilitários esportivos compactos à venda no Brasil e até maior que alguns deles. Além disso, a área envidraçada é bem maior que o padrão dos carros de passeio, tática que amplia a iluminação interna e também a noção de espaço. Outro ponto a favor do modelo é o acesso traseiro através de portas de correr, bom para quem tem limitações motoras ou estaciona constantemente em vagas apertadas.

Sob o capô, a Doblò Adventure guarda o potente motor E-torQ 1.8 16V Flex, o mesmo que equipa as versões de topo de toda a linha Adventure da marca – que inclui a perua Weekend, a minivan Idea e a picape Strada – e ainda o SUV compacto pernambucano Jeep Renegade. Capaz de atingir 132 cv quando abastecido com etanol a 5.250 rpm, o propulsor tem torque máximo de 18,9 kgfm a 4.500 rpm com o mesmo combustível e leva o modelo da inércia aos 100 km/h em 12,3 segundos. A velocidade máxima é de 171 km/h. O trem de força é completado por uma transmissão manual de cinco marchas – não há, para o Doblò, opção de trocas automáticas.

Sem grandes luxos – nem como opcional há central multimídia ou câmara de ré, por exemplo, –, a Fiat Doblò Adventure atua em uma faixa de preço um tanto salgada. Começa em R$ 78.980, mas pode chegar a R$ 84.772 completa. Por este valor, ganha o diferencial auto-blocante Locker, bancos revestidos parcialmente em couro e volante multifuncional com seis botões para comandos do rádio com Bluetooth, além do estepe com roda de liga leve aro 15.

Impressões ao dirigir

A experiência de dirigir uma Doblò é inusitada, à primeira vista. Do banco do motorista, a sensação inicial que se tem é a de se estar no comando de um pequeno caminhão, devido ao formato retangular, de caixote, à posição elevada e aos avantajados retrovisores externos. Mas bastam poucos minutos de convivência para se tirar vantagem de todas essas características e aproveitar a excelente visibilidade da multivan, com uma área envidraçada bem superior à dos SUVs compactos nacionais e de minivans.
Os 132 cv do motor 1.8 da versão Adventure até se mostram suficientes para movimentar o carro, porém é preciso deixar o propulsor trabalhar sempre em giros altos para arrancar algum vigor dele. Normalmente, ultrapassagens e retomadas demandam reduções de marchas acentuadas. Um traço que decepciona na motorização é o consumo. O InMetro promete 8,6/9,8 km/l de gasolina em tráfego urbano/rodoviário, mas não foi isso que o computador de bordo acusou. Raras vezes passou dos 6,7 km/l, mesmo com apenas um passageiro no carro.
O isolamento acústico é falho e basta exigir um pouco mais do motor para que o barulho invada, sem cerimônias, a cabine. Na unidade avaliada, o banco sobressalente da última fileira parecia ranger o tempo todo, principalmente quando a carroceria se inclinava em subidas ou descidas. Mesmo se tratando de um veículo novo, da linha 2016, tais ruídos faziam parecer que o carro já rodava há anos pelas ruas. E com o visual antigo e sem renovações da Fiat Doblò no Brasil, não é difícil ser enganado pelas aparências.

Ficha técnica

Fiat Doblò Adventure

Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.747 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira com bloqueio do diferencial com acionamento elétrico opcional. Não oferece controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 130 cv com gasolina e 132 cv com etanol a 5.250 rpm.
Aceleração de 0 a 100 km/h: 13 e 12,3 segundos com gasolina e etanol.
Velocidade máxima: 168 e 171 km/h com gasolina e etanol.
Torque máximo: 18,4 kgfm com gasolina e 18,9 kgfm com etanol a 4.500 rpm.
Diâmetro e curso: 80,5 mm X 85,8 mm.
Taxa de compressão: 11,2:1. 
Suspensão: Dianteira com amortecedores hidráulicos e telescópicos de duplo efeito e traseira do tipo Mc Pherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais com barra estabilizadora. 
Pneus: 205/70 R15.
Freios: Discos ventilados na frente e tambor atrás. Oferece ABS de série.
Carroceria: Minivan em monobloco com quatro portas e seis lugares. Com 4,48 metros de comprimento, 1,77 m de largura, 1,96 m de altura e 2,58 m de distância entre-eixos. Airbag duplo frontal. 
Peso: 1.463 kg.
Capacidade do porta-malas: 665 litros.
Tanque de combustível: 60 litros.
Produção: Betim, Minas Gerais.
Itens de série: Ar-condicionado, 6º Banco traseiro suplementar lado passageiro, para-brisas degradê, barras longitudinais no teto, brake light, bússola e inclinômetros longitudinal e transversal, chave canivete com telecomando para abertura e fechamento das portas, computador de bordo A e B, desembaçador do vidro traseiro temporizado, direção hidráulica, controle eletrônico da aceleração, estribos laterais antiderrapantes, faróis biparábola com máscara negra, faróis de neblina, hodômetro digital, para-choque traseiro com estribo antiderrapante, portas laterais traseiras deslizantes e assimétricas, protetor de soleira nas portas dianteiras Adventure, protetor de cárter, proteções laterais nas portas com inscrição Adventure, relógio digital, retrovisores externos elétricos com luzes indicadoras de direção integradas, rodas de liga leve de 15 polegadas, pneus de uso misto, rádio com CD e MP3/WMA integrado ao painel com RDS, Bluetooth e entrada USB, sensor de estacionamento traseiro, travas e vidros dianteiros elétricos e volante com regulagem de altura.
Preço: 78.980.
Opcionais: Revestimento dos bancos parcialmente em couro, bloqueio de diferencial Adventure Locker, estepe com roda de liga leve de 15 polegadas e volante multifuncional. 
Preço completo: R$ 84.772.
Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Isabel Almeida/Carta Z Notícias

Assim é (se lhe parece) - Fiat recorre à versão Adventure da multivan Doblò para suprir a falta de um SUV compacto nas vitrines da marca

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 20 Jan 2016 13:12:00

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