14 de mai. de 2015

Teste do Jaguar XE

Teste do Jaguar XE

A Jaguar não está para brincadeiras. Integrante do grupo Jaguar Land Rover, desde 2008 controlado pela indiana Tata Motors, a marca inglesa tem crescido desde o início da década, nos principais mercados mundiais. Inclusive no Brasil, onde sua representação foi “primeirizada” em 2012 pela Jaguar Land Rover, depois de anos sob controle do grupo brasileiro SHC, do empresário Sérgio Habib. Globalmente, depois do lançamento das versões conversível e cupê do superesportivo F-Type, em 2013 e 2014, a Jaguar resolveu disputar agora um segmento menos elitizado. Enquanto os F-Type tinham como adversário declarado a linha Porsche 911, o lançamento mundial do XE chega para “assediar” a clientela das versões mais incrementadas dos sedãs médios de marca de luxo, como BMW Série 3 e Mercedes Classe C. O menor e mais leve sedã da história da Jaguar desembarca no Brasil em setembro, importado da Inglaterra.

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O XE deve posicionar a Jaguar em um segmento que tem vendas bem mais substanciais do que os nichos de esportivos mais sofisticados, onde a fabricante inglesa tradicionalmente atua. Não será surpresa se o XE se tornar em breve o Jaguar mais vendido no mundo – as vendas começaram em fevereiro na Inglaterra e chegam agora gradualmente ao resto da Europa. Atributos para isso, o novato já mostrou que tem. Em termos de estilo, os designers da Jaguar “acertaram a mão”. Tanto que o sedã arrebatou, logo de cara, o prêmio de “Carro Mais Bonito de 2014” no Salão de Paris, onde foi apresentado. A linha de cintura ascendente dá a impressão de que o XE está em movimento, mesmo quando parado. Diversos detalhes, como as entradas de ar laterais cromadas, são inspirados no F-Type. A traseira é vigorosa e dinâmica. Além da estética, um resultado prático de todo esse esforço estilístico é que o coeficiente aerodinâmico é muito baixo: 0,26 cd. É o Jaguar mais aerodinâmico de todos os tempos. Para delírio dos fãs da esportividade mais “puristas”, o XE vem com tração traseira. Na Europa, existem versões câmbio manual nos motores diesel – mas nada disso virá para o Brasil. Para cá, todas as versões serão movidas a gasolina e terão o mesmo câmbio automático ZF de 8 marchas, com a manopla circular giratória clássica da Jaguar e opção de acionamento através de paletas no volante. Entre os três motores a gasolina disponíveis no modelo, apenas os dois mais fortes – um 2.0 de 240 cv e um 3.0 V6 de 340 cv, ambos turbinados – devem vir para o Brasil. A versão com motor a gasolina mais “manso” – o mesmo 2.0 turbo, mas com apenas 200 cv –, no mercado europeu, custa 10% a menos que a de 240 cv, mas poderia dar fama de “fraca” à linha e comprometer a imagem de esportividade da marca por aqui. Também para não arranhar o conceito local da Jaguar, a versão Pure, com bancos em tecido, será descartada. Nas concessionárias nacionais, os bancos do XE serão sempre em couro.

Mas nem só de estética e desempenho se faz um carro bom de vendas no segmento de médios das marcas de luxo. É preciso ostentar também alguma tecnologia. No XE, o moderno chassi faz um uso intensivo de alumínio – economiza cerca de 130 kg em relação a um chassi convencional. A direção tem assistência elétrica, o sistema de informação e entretenimento InControl tem “touchscreen” de  8 polegadas e o Laser head-up display gera imagens em cores com alto contraste. E o sedã ainda marca a estréia mundial do sistema Jaguar All Surface Progress Control,  que maximiza a tração de baixa velocidade em condições adversas. Embora a diretoria não confirme, há chance de que o XE se torne o primeiro Jaguar “made in Brazil”, a ser produzido na fábrica que a Jaguar Land Rover constrói no município fluminense de Itatiaia, com inauguração prevista para março de 2016. Em termos de preços, a marca confirma apenas que o XE importado chegará às concessionárias nacionais em setembro, com preços a partir dos R$ 170 mil – estima-se que o “top” de linha S deva atingir no Brasil algo próximo dos R$ 240 mil. Por esse valor, a S certamente não será a versão mais vendida. Cumprirá sua estratégica missão de “carro de imagem”: virar pauta na imprensa, aparecer na propaganda, enfeitar as vitrines e povoar o imaginário do consumidor. E, o mais importante, ajudar a vender as versões Prestige, Portfólio e R-Sport, mais acessíveis.

Ponto a Ponto 

Desempenho – O XE honra as boas tradições da Jaguar nesse aspecto, principalmente na versão mais nervosa, a S. O motor 2.0 Turbo de 240 cv – que empurra as versões Prestige, Portfolio e R-Sport – até cumpre bastante bem a função de movimentar com agilidade os 1.535 kg de sedã. Mas o motor 3.0 litros V6 de 340 cv é bem mais abusado. Parece nem tomar conhecimento dos 1.665 kg da versão S, que se revela um esportivo de desempenho avassalador. Nota 10. Estabilidade – O XE é um Jaguar. Ou seja, a suspensão privilegia a esportividade, embora cumpra bem o compromisso com o conforto desejável de um sedã de luxo. E o conjunto cumpre tal tarefa com eficiência, bem auxiliado pela eletrônica. A estabilidade do sedã nas retas e curvas em alta velocidade é realmente impressionante – e a versão S, mais uma vez, se mostra particularmente mais bem acertada. Nota 10.

Interatividade – O interior do XE é elegante e sofisticado. Talvez pelo excesso de funções, acessar algumas das informações do computador de bordo pode parecer, ao menos inicialmente, um pouco complicado. Mas, na grande maioria das situações, os comandos do sedã se revelam intuitivos. As paletas no volante para acionamento manual das marchas do câmbio automático ampliam consideravelmente as chances de interagir com o motor do sedã. Nota 9. Consumo – A Jaguar informa um consumo de gasolina de 13,33 km/l na versão 2.0 de 240 cv e de 12,34 km/l  para a versão V6 3.0, sempre em uso misto. Se o XE rodar isso mesmo, não será nada mal para os motorzões oferecidos. Nota 8.

Conforto – A suspensão do XE prioriza a performance, mas não chega a comprometer o conforto. O conjunto suspensivo é bem acertado e conta com o apoio dos bancos, que são eficientes e confortáveis. Em uma utilização mais pacata, o XE se mostra um local bem agradável de estar. Os generosos espaços e a qualidade dos revestimentos reforça esse aspecto aconchegante do sedã. Nota 8. Tecnologia – O XE também não faz feio nesse aspecto. A direção tem assistência elétrica, o sistema de infoentretenimento InControl tem “touchscreen” de  8 polegadas, o Laser head-up display gera imagens em cores com alto contraste e o Jaguar All Surface Progress Control maximiza a tração de baixa velocidade em condições adversas. A versão S vem também com um interessante sistema que lê as placas com os sinais de trânsito – limites de velocidade, proibido ultrapassar, etc – e os reproduz em miniatura no painel. Nota 9.
Habitabilidade – A Jaguar é uma marca de esportivos. Assim, o mais novo sedã britânico é um carro de altura reduzida, como qualquer esportivo deve ser. E entrar em um veículo tão baixo requer um certo contorcionismo. Mas, uma vez instalado, todo esse sacrifício é rapidamente esquecido. Os bancos esportivos mantém o corpo no lugar nas curvas em alta velocidade. Com seus 450 litros, o porta-malas é bastante decente – e os porta-objetos são eficientes e funcionais. Os espaços são bons, tanto na frente quanto no banco traseiro. Nota 8. Acabamento – Os materiais do interior aparentam ser de primeira qualidade e o padrão de montagem é excelente – o XE nada deixa a desejar em relação aos concorrentes de BMW e Mercedes no segmento de médios de luxo mais esportivos. Elegância e bom gosto são fáceis de perceber em cada detalhe. Nota 10.
Design – O XE já recebeu diversos prêmios internacionais de design e é considerado um dos automóveis mais bonitos da atualidade. Depois do “bilhete premiado” que acertaram com o Land Rover Evoque – talvez o design automotivo mais aclamado desse século –, os projetistas britânicos aparentemente encontraram novamente o “caminho das pedras”. Depois do harmonioso F-Type, a Jaguar continua a implementar uma linha instigante, com personalidade. Nota 10. Custo/Benefício – A Jaguar confirmou que o preço inicial do XE no Brasil será R$ 170 mil – provavelmente essa versão básica a ser importada será o 2.0 i4 240 Turbo automático Prestige. Se a proporcionalidade dos preços das versões adotada na Europa for mantida por aqui, o custo do “top” S ficará perto do R$ 240 mil. Se realmente vier nessa faixa, o mais novo Jaguar terá preços competitivos em relação aos adversários diretos da BMW – 328i Sport GP ActiveFlex, de 245 cv, que sai por R$ 207.950; e 335i M Sport com um 3.0 litros 6 cilindros de 306 cv, por R$ 295.950 – e da Mercedes – o Classe C250 Sport 2.0, de 211 cv, que sai por R$ 195.900. A Audi fica de fora da briga, pois o motor mais forte de seu A4 é o 1.8 TFSI, de potência bem menor – 170 cv. O modelo inglês oferece um pacote interessante: um belo design, motores fortes e modernas tecnologias. Além disso, o XE é novidade. Por outro lado, os alemães contam com grande prestígio no mercado nacional. Nota 6. Total – O Jaguar XE somou 88 pontos em 100 possíveis.

Primeiras impressões

O primeiro a rodar foi o R-Sport, num modelo em cor azul-marinho. É um sedã que impressiona. Anda bem, acelera com convicção, faz curvas sem dar sinais de vacilação, freia de forma precisa e controlada. Os 240 cv e 34,7 kgfm são mais que suficientes para que o sedã médio da Jaguar se desloque de forma ágil e divertida – e os “paddle shifts” no volante colaboram para tornar a direção ainda mais lúdica. Um belo produto automotivo, sem dúvida. O único problema das versões com motor 2.0 de 240 cv do XE não chega a ser, na verdade, um problema. Acontece quando o motorista tem a oportunidade de testar a versão 3.0 V6, de 340 cv e 45,9 kgfm. É quase “outro carro”. Primeiro, veio a chance de acelerar forte o vistoso XE S branco no seletivo circuito do Autódromo de Navarra. Depois, rodou também nas bem pavimentadas autopistas bascas e, por último, nas sinuosas estradinhas íngremes que atravessam as montanhas locais. E cortam centenas de pequenos e charmosos vilarejos ibéricos, com antigas construções de pedra cercadas de vinhedos e oliveiras. Com direito a uma escala na Vinícola Marqués de Riscal, onde fica o vistoso hotel homônimo, uma construção pós-moderna do arquiteto canadense Frank Ghery.
Em todos tipos de caminho, qualquer pessoa minimamente afeita a um modo de dirigir mais esportivo logo se deixa cativar pelo XE S. É daqueles automóveis onde o motorista demora uma hora para tirar o sorriso bobo da cara, depois de largar o volante. Dinamicamente, a versão mais esportiva do novo Jaguar se comporta como um pequeno bólido. É nele que a tração traseira do sedã médio inglês revela todo seu potencial de tornar um veículo mais divertido de pilotar. E o que é melhor: a precisão e a sensação de controle são absolutas – o que permite dirigir rápido sem se estressar em momento algum. Por tudo isso, o S é mesmo um “brinquedo” revigorante – quase rejuvenescedor.

Ficha técnica

Jaguar XE

Motor 2.0 (versões 200/240): A gasolina, dianteiro, longitudinal, 1.999 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e turbocompressor. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Potência máxima: 200 cv a 5.500 rpm/240 cv a 5.500 rpm. 
Torque máximo: 28,5 kgfm entre 1.750 e 4 mil rpm/34,7 kgfm entre 1.750 rpm e 4 mil rpm. 
Diâmetro e curso: 87,5 x 83,1 mm.
Taxa de compressão: 10:1.
Aceleração 0-100 km/h: 7,7 segundos/6,8 segundos.
Velocidade máxima: 237 km/h / 250 km/h.
Peso: 1.535 kg. Motor 3.0 (versão S): A gasolina, dianteiro, longitudinal, 2.995 cm³, seis cilindros em V, quatro válvulas por cilindro e compressor mecânico. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Potência máxima: 340 cv a 6.500 rpm.
Torque máximo: 45,9 kgfm a 4.500 rpm.
Diâmetro e curso: 84,5 x 89,0 mm.
Taxa de compressão: 10,5:1.
Aceleração 0-100 km/h: 5,1 segundos. 
Velocidade máxima: 250 km/h.
Peso: 1.665 kg.
Transmissão: Câmbio automático com oito marchas à frente e uma a ré. Tração traseira. Controle de tração. 
Suspensão: Dianteira independente com triângulos sobrepostos. Traseira independente com triângulos sobrepostos. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Sedã em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,67 metros de comprimento, 1,85 m de largura, 1,42 m de altura e 2,83 m de entre-eixos. 
Capacidade do porta-malas: 450 litros.
Tanque de combustível: 63 litros.
Produção: Solihull, Inglaterra. 
Lançamento mundial: 2015.
Lançamento no Brasil: Previsto para setembro de 2015.
Preço no Brasil: Previsto para partir de R$ 170 mil.
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos do XE 240 R-Sport (azul) e do XE S (branco): Luiz Humberto Monteiro Pereira/Carta Z Notícias

De garras bem afiadas - Jaguar lança o sedã médio XE com a missão de se tornar o carro mais vendido da marca no mundo

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 13 May 2015 09:20:00

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