2 de abr. de 2015

Teste do Chevrolet Cruze Sport6 LTZ 2015

Teste do Chevrolet Cruze Sport6 LTZ 2015

O Cruze tem um significado importante na história recente da Chevrolet no Brasil. A marca, que se manteve forte nas vendas de modelos mais pomposos e requintados – caso do Opala, Monza e Omega, por exemplo –, enfrentou um período de menos prestígio na fase final do Vectra. A situação só começou a ser revertida com a chegada do Cruze, primeiro na configuração sedã e, em seguida, na hatch, chamada de Sport6. A aceitação foi tão boa que a marca nem se preocupou em mexer demais no face-lift promovido no final do ano passado. Nos dois primeiros meses de 2015, o Cruze Sport6 vendeu 1.857 unidades, uma média de 928 por mês. Esse número rende ao modelo a segunda colocação no ranking, com 25,8% de participação. Perde apenas para o Ford Focus, com 1.241 exemplares por mês, ou 34,5% de market share. 

Veja também:

  • Novo Chevrolet Cruze tem interior revelado
O Cruze Sport6 tem predicados que o tornam uma opção singular em sua categoria. Mas seu principal diferencial está no tamanho. O hatch tem as mesmas medidas de altura, largura e, principalmente, de entre-eixos da configuração sedã. Tem 2,68 metros, o maior entre os hatches médios. Só o comprimento é 7 centímetros menor – de 4,53 metros, contra 4,60 m. Essa particularidade garante ao modelo a funcionalidade de um três volumes, já que até seu porta-malas comporta bons 402 litros – são só 48 litros a menos que o três volumes. E o conforto ainda é favorecido por diversos “mimos” oferecidos pela configuração de topo LTZ. Na linha 2015, o design ganhou cromados na moldura da grade dupla dianteira e luzes de led diurnas. Além disso, o cluster do farol de neblina aumentou. No perfil, a mudança ficou por conta das rodas de liga leve de 17 polegadas redesenhadas. Já na traseira, nenhuma alteração. Por dentro, o revestimento interno agora combina couro nas cores preta e marrom com acabamento pespontado.

O propulsor segue o 1.8 16V com comando variável de válvulas e coletor de admissão com dois circuitos – um mais longo para melhorar o torque e um mais curto para ressaltar a potência. Ele rende 144 cv ao ser abastecido com etanol e tem torque de 18,9 kgfm a 3.800 giros. Mas o motor recebeu um novo mapeamento na linha 2015 do Cruze, que faz com que a entrada de torque seja mais forte. O acelerador eletrônico teve as reações suavizadas e o câmbio recebeu um ajuste nos atuadores que fez o tempo de troca de marchas cair de 0,8 segundo para 0,3 s e melhorou as retomadas, já que reduz de uma só vez duas ou até três marchas quando necessário. Com o avanço, de acordo com a Chevrolet, o Cruze Sport6 ficou mais econômico. Mas a marca não divulga os índices de consumo e nem participa do Programa de Etiquetagem Veicular do InMetro. A lista de itens de conforto, segurança e entretenimento também é farta. A versão de topo do Cruze Sport6 tem airbags frontais, laterais e de cortina, controle de estabilidade e tração e isofix para a fixação de cadeiras infantis. O ar-condicionado é automático e a chave, presencial – com, inclusive, um botão que aciona o motor antes mesmo de os passageiros entrarem, o que permite climatizar o veículo à distância. O carro ainda tem sensor de chuva e crepuscular e central multimídia com câmara de ré, navegador com GPS e comandos de voz em português. Um recheio capaz de incomodar a concorrência e ajudar a a Chevrolet na batalha que a marca americana trava com a alemã Volkswagen pelo segundo lugar nas vendas de automóveis do país.

Ponto a ponto

Desempenho – O Cruze Sport6 não exala esportividade, mas se movimenta bem com seu motor 1.8 de 144 cv e 18,9 kgfm de torque a 3.800 rpm. Porém, para se extrair um desempenho mais eficiente para retomadas, ultrapassagens e situações semelhantes, é necessário usar o propulsor em rotações mais altas. O câmbio automático de seis velocidades tem trocas suaves e reduções duplas nas retomadas mais exigentes. Nota 8. Estabilidade – O hatch médio da Chevrolet é bem “esperto” nas curvas e dá ao condutor a sensação de estar sempre com o carro “na mão”. A direção elétrica mantém o peso sempre correto e a suspensão equilibra bem conforto e firmeza. Mesmo quando exigido, não entrega os limites com facilidade. Mas quando isso ocorre, o controle eletrônico de estabilidade age na hora certa, sem precipitações. Nota 9. Interatividade – O Cruze LTZ tem diversos recursos que facilitam a vida a bordo. Como ar-condicionado automático, direção elétrica progressiva e visibilidade, boa tanto à frente quanto atrás, além de câmara de ré. O modelo conta sensores de chuva e crepuscular, central multimídia com GPS e a partida e o acesso ao carro são feitos a partir de botões. Nem é preciso tirar a chave do bolso. Nota 9.

Consumo – A Chevrolet não participa do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular do InMetro. Durante a avaliação, realizada em ciclo misto, o computador de bordo apontou a fraca média de 7,3 km/l com o tanque abastecido com gasolina. Nota 6. Conforto – O Cruze Sport6 leva vantagem em relação aos rivais diretos nesse quesito. Principalmente pelo espaço interno, oferecido por um entre-eixos de 2,68 metros – o que chega mais próximo é o Ford Focus, com 2,65 metros. Os bancos de couro da versão recebem excelentemente quatro ocupantes. Como nos outros modelos deste segmento, um quinto elemento, dependendo da estatura, prejudica a habitabilidade dos ocupantes traseiros. O trabalho da suspensão é feito com competência e as imperfeições são bem absorvidas. O isolamento acústico funciona em rotações baixas e médias, mas o ronco que aparece a partir dos 3.500 giros mais instiga que incomoda. Nota 8. Tecnologia – A lista de equipamentos de série do Cruze Sport6 LTZ é farta. Inclui controle eletrônico de estabilidade e tração, seis airbags, sistema de entretenimento com GPS, câmara de ré e comandos por voz, partida do motor e destravamento do carro por botão, teto solar elétrico e ar-condicionado automático. A plataforma foi inaugurada pelo próprio Cruze em 2008 e desenvolvida pela Opel, subsidiária alemã da GM. O motor Ecotec de terceira geração é o atual Família 1 da Chevrolet que roda na Europa desde 2005. Ele traz soluções modernas, como tempo de abertura de  válvulas e geometria do coletor de admissão variáveis. Nota 8.

Habitalidade – A quantidade de porta-objetos do hatch é bem limitada. Os únicos disponíveis ficam no console central e nem são tão grandes. Já o porta-malas é bastante espaçoso e leva bons 402 litros. Ainda dá rebaixar os bancos traseiros para criar uma área de bagagem maior. Nota 7. Acabamento – O acabamento do Cruze não chega a impressionar, principalmente por ter poucas áreas de contato macias, mas também não faz feio. O design interno é interessante, simétrico e moderno. Os materiais poderiam ser mais sofisticados, visto que se trata de uma categoria superior de veículos. Os bancos em couro preto e marrom deixam o habitáculo com uma atmosfera mais charmosa e os encaixes das peças são precisos. Nota 7. Design – O Cruze Sport6 traz componentes já presentes na sua versão de três volumes, mas seu perfil tem um ponto que o favorece: o vidro traseiro bastante inclinado cria um caimento semelhante ao de um cupê – a rigor, ele seria um fastback, não um hatch. Faz diferença e adiciona personalidade ao modelo, algo que conta bastante em um segmento recheado de carros com design instigante. Nota 9.
Custo/benefício – O Cruze Sport6 LTZ tem preço público sugerido de R$ 86.400. Mas as promoções em função das vendas fracas neste início de 2015 fazem o modelo ser oferecido por R$ 80.900. A Ford cobra pelo Focus Titanium Plus 2.0, com 178 cv e câmbio de dupla embreagem, R$ 93.900. Um Volkswagen Golf Highline com motor 1.4 turbo, com 140 cv e também câmbio de dupla embreagem, vai a estratosféricos R$ 98.405 se equipado à altura, enquanto a Peugeot pede R$ 80.490 pelo 308 THP, 1.6 turbo, com 165 cv e câmbio automático de seis marchas. Nota 7. Total – O Chevrolet Cruze Sport6 LTZ somou 77 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir

O Cruze Sport6 pode até expressar a ideia de esportividade no nome. E o design com o vidro traseiro inclinado e caimento que lembra o de um cupê ajuda a transmitir essa imagem. Mas o que impressiona no carro é sua funcionalidade. O visual é moderno, mas não deixa de ser sóbrio. O espaço interno é bom e o porta-malas carrega 402 litros, capacidade que se destaca na categoria de hatches médios. São características que o aproximam tanto de um modelo jovem e despojado quanto de um carro familiar. O motor é competente, mas está longe de ser o mais eficiente de seu segmento.  O 1.8 de 144 cv tem soluções modernas, como o duplo comando varíavel de válvulas, que ajuda a trazer a faixa máxima de torque para rotações inferiores. Isso até deixa o carro mais amigável em grande parte das situações urbanas, mas é preciso pisar fundo para obter um desempenho mais seguro em ultrapassagens e retomadas. É acima de 3.500 giros que o Cruze Sport6 diz a que veio.
Suas características mecânicas propiciam uma tocada mais esportiva. E a estabilidade acompanha essa proposta. A suspensão é calibrada corretamente e segura bem o veículo nos trechos sinuosos. As rolagens de carroceria são praticamente imperceptíveis e o comportamento nas curvas é bem neutro. A direção elétrica, extremamente leve em baixas velocidades, ganha firmeza de acordo com a subida do ponteiro e sustenta a sensação de que o carro está na mão de quem conduz. Longas viagens são prazerosas dentro do Cruze LTZ hatch. Os desníveis das ruas são bem absorvidos pela suspensão e quatro pessoas se acomodam com facilidade na cabine. Os bancos com espessura de espuma avantajada tiram um pouquinho do espaço, mas garantem conforto e personalidade ao habitáculo. Ainda mais com o revestimento em couro preto e marrom combinados. Esse detalhe, aliás, é um dos pontos fortes do acabamento. Isso porque os outros materiais de revestimento usados pecam para um carro nessa faixa de preço. O design interior é interessante, mas o excesso de plásticos rígidos não é compatível com uma versão de topo.

Ficha técnica

Chevrolet Cruze Sport6 LTZ

Motor: Etanol e gasolina, dianteiro, transversal, 1.796 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro, duplo comando do cabeçote e comando variável nas válvulas de admissão e escape e duto de admissão de dupla geometria. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio automático de seis marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Possui controle eletrônico de tração.
Potência máxima: 144 cv e 140 cv a 6.300 rpm com etanol e gasolina.
Aceleração 0-100 km/h: 10,2 segundos.
Velocidade máxima: 196 km/h.
Torque máximo: 18,9 kgfm e 17,8 kgfm a 3.800 rpm com etanol e gasolina.
Diâmetro e curso: 80,5 mm X 88,2 mm.
Taxa de compressão: 10,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores telescópicos pressurizados e barra estabilizadora. Traseira semi-independente com eixo de torção, molas progressivas e amortecedores telescópicos pressurizados. Possui controle eletrônico de estabilidade.
Pneus: 225/50 R17.
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4,53 metros de comprimento, 1,79 m de largura, 1,48 m de altura e 2,68 m de entre-eixos. Airbags frontais, laterais e de cortina.
Peso: 1.450 kg.
Capacidade do porta-malas: 402 litros.
Tanque de combustível: 60 litros.
Produção: São Caetano do Sul, São Paulo.
Lançamento mundial: 2008.
Lançamento no Brasil: 2011.
Reestilização: 2014.
Itens de série: luzes diurnas de leds, controles eletrônicos de tração e estabilidade, airbags frontais, laterais e de cortina, cinto de segurança de três pontos em todos os assentos, sistema isofix para a fixação de cadeirinhas infantis, trava interna antissequestro, ar-condicionado eletrônico, direção elétrica progressiva, retrovisor interno eletrocrômico, sistema multimídia com Bluetooth, comando por voz em português e GPS, volante multifuncional regulável em altura e profundidade, teto solar elétrico, sensor de chuva e crepuscular, câmera de ré com gráfico para o auxílio a manobras, sistema presencial de abertura das portas e botão start/stop para partida do motor.
Preço: R$ 86.400, atualmente vendido com bônus por R$ 80.900.

Autor: Márcio Maio (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias

Questão de atitude - Chevrolet Cruze Sport6 alia a esportividade de hatch médio ao espaço e conforto de um sedã

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 01 Apr 2015 10:12:00

Nenhum comentário:

Postar um comentário