26 de mar. de 2015

Teste do novo Jeep Renegade

Teste do novo Jeep Renegade

O primeiro trimestre ainda não acabou, mas os utilitários esportivos compactos já dispararam na frente como o grande assunto automotivo de 2015. É um segmento que durante anos foi exclusivo do Ford EcoSport e, depois de muito tempo, começou a ser ocupado também pelo mexicano Chevrolet Tracker e, de forma mais ostensiva, pelo Renault Duster – que no mês que vem virá com um discreto “facelift”. Mas, até o final de abril, quatro novos concorrentes entram na briga: Honda HR-V – que já desembarcou nas concessionárias –, Peugeot 2008, JAC T6 e o Jeep Renegade. Esse último chega às lojas já no início do mês, com a responsabilidade de ser o primeiro produto da fábrica da Fiat Chrysler Automobiles na cidade pernambucana de Goiana – que será a primeira a produzir modelos Jeep fora dos Estados Unidos. Além de não ser derivado de nenhum carro de passeio, o Renegade traz um outro diferencial importante em relação aos SUVs concorrentes, produzidos por marcas generalistas: a inequívoca identificação da Jeep com o “off-road”.

Veja também:

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O Renegade é fabricado também na Itália e está disponível no mercado europeu desde setembro de 2014 – a previsão é que seja vendido em mais de 100 países. No Brasil, a meta é ambiciosa: tornar-se a nova referência do segmento de SUVs urbanos. Para não se afirmar apenas nas boas tradições lameiras da Jeep, o Renegade incorporou às versões diesel 4X4 algumas tecnologias fora de estrada de modelos superiores da marca, como o Wrangler, o Cherokee e o Grand Cherokee. Entre eles o conhecido Select Terrain, que disponibiliza os modos de operação Auto – automático –, Snow – neve – e Sand/Mud –  areia/lama. Na versão “top” Trailhawk, ainda há a opção Rock – pedra. Os ajustes permitem mudar as configurações do modelo de acordo com as condições do terreno. As versões flex têm tração dianteira e os modelos diesel são 4X4. A suspensão é sempre independente nas quatro rodas, todas com freios a disco. Em termos estilísticos, os designers buscaram valorizar as linhas robustas tradicionais da Jeep, mas com uma pitada extra de jovialidade. Parte da inspiração veio do Wrangler, mas com traços bem mais contemporâneos e ousados – sem perder de vista a preocupação de manter bons ângulos de entrada e saída, fundamentais no uso off-road. A frente é compacta e rústica, bem “Jeep style”, e transmite sensação de robustez. A indefectível grade com sete entradas de ar verticais garante a identificação imediata. Na traseira, os destaques são as lanternas, onde as diferentes lentes formam o desenho de um “X”. Por dentro, o mesmo espírito irrreverente, com detalhes que ressaltam o aspecto rústico e a funcionalidade. Muitos logos espalhados pelo habitáculo, além de soluções estéticas similares às de outros modelos da marca, parecem ter a função de lembrar ao ocupante que ele está a bordo de um Jeep.

O novo SUV chega em três versões de acabamento: a básica Sport, a intermediária Longitude e a “top” Trailhawk. As duas primeiras têm opções do motor 1.8 16 V E.torQ Evo flex – de 132 cv e 19,1 kgfm –, ou do 2.0 Multijet II turbodiesel, com turbina VGT, de geometria variável, de 170 cv e 35,7 kgfm. A Sport é a única versão que oferece a opção de câmbio manual – de cinco marchas e apenas para a versão flex. A versão Sport pode vir também com transmissão automática de seis marchas, na versão flex, ou automática de nove marchas, com motor diesel. A Longitude vem com o câmbio automático de seis marchas na versão flex ou de nove marchas na diesel. Já Trailhawk é vendida apenas com o motor diesel, sempre associado ao moderno câmbio automático de nove marchas. Os preços do Renegade com motor flex começam em R$ 69.900 na versão Sport 1.8 manual, sobem para R$ 75.900 no mesmo modelo com câmbio automático e chegam R$ 80.900 na versão Longitude 1.8 automática. Com motor turbodiesel, os preços partem dos R$ 99.900 da versão Sport 2.0, vão aos R$ 109.900 na Longitude 2.0 e atingem os R$ 116.900 na versão Trailhawk 2.0 – as três com câmbio automático. E a FCA ainda promete até julho uma nova versão de entrada, mais despojada da Sport 1.8 manual, com preço estimado em R$ 66.900. Ou seja,  uma gama de modelos e de preços bastante ampla. Os dias de calmaria no mercado nacional de utilitários esportivos compactos definitivamente pertencem ao passado.

Ponto a ponto

Desempenho – O Renegade Longitude oferece duas opções de motores, ambos de origem Fiat. Com o 1.8 flex de 132 cv e 19,1 kgfm, sempre com tração frontal, tem uma proposta mais urbana e a cumpre de maneira bem satisfatória. É surpreendente o aumento do torque em baixa obtido nesse propulsor, já adotado em diversos modelos da linha Fiat. A versão diesel 2.0, com seus 170 cv e robustos 35,7 kgfm de torque, certamente permite ao modelinho um pouco mais de exuberância dinâmica  Mas pesa quase 200 kg a mais – na mesma versão Longitude, são 1.440 kg na versão flex 4X2 contra 1.636 kg na diesel 4X4. Segundo a Jeep, o zero a 100 km/h é feito em 12,6 segundos na versão Longitude flex e em 9,9 segundos na versão diesel. Nota 8. Estabilidade – Apesar da altura de 1,72 m, a versão Longitude do utilitário esportivo pernambucano demonstra firmeza. As rolagens de carroceria são controladas. A suspensão ameniza os movimentos da carroceria nos trechos esburacados e entrega um bom nível de conforto. O volante tem “peso” correto e a comunicação com as rodas é precisa. Nota 8. Interatividade – São muitos os comandos no volante e painel, mas não é difícil se adaptar a eles. Na versão Longitude, os sensores dianteiros e traseiros, além de câmara de ré, simplificam consideravelmente a tarefa de manobrar. A alavanca da transmissão automática tem boa empunhadura e os comandos são bastante precisos. Nota 8.

Consumo – Segundo a Jeep, o Renegade Longitude 1.8 E.torQ faz 15,9 km/l na estrada e 12,3 km/l em ciclo urbano, rodando com gasolina. Nota 8. Conforto – O isolamento acústico impressiona. Atrás, três ocupantes viajam – mas dois vão bem mais à vontade. A suspensão reforça o conforto e absorve, de forma eficiente, as eventuais falhas no piso. Os revestimentos interiores são agradáveis e ajudam a tornam o veículo aconchegante. Nota 8. Tecnologia – A linha Renegade oferece uma boa lista de tecnologias – as mais interessantes são restritas aos modelos diesel 4X4 e, principalmente, à versão Trailhawk. Mesmo nessa versão “top”, itens de segurança como airbags laterais, de cortina e de joelhos, tecnologias modernas como o Park Assist ou até mesmo prosaicos sensor de chuva e de ponto cego e bancos de couro são opcionais. Na versão intermediária Longitude 1.8 E.torQ avaliada, os destaques tecnológicos são as aletas para trocas de marchas no volante, ar-condicionado automático dual-zone, câmara de estacionamento traseira, sensor de estacionamento traseiro, sistema de entretenimento com USB, Bluetooth, GPS, comandos de voz e tela touch de 5 polegadas. Nota 8.

Habitabilidade – Os ajustes de volante – em altura e profundidade – e do banco são funcionais e facilitam achar uma boa posição para dirigir. O aproveitamento dos espaços é bem inteligente – uma boa herança do “lado Fiat” da FCA. O número de porta-trecos é generoso – o que é adequado à proposta “moderninha” do modelo. Os acessos são corretos e não é necessário muito esforço para entrar ou sair. O porta-malas leva restritos 260 litros. Nota 7. Acabamento – É um dos pontos altos do modelo. O interior é revestido em boa parte com materiais emborrachados e agradáveis ao toque. O volante é muito similar ao da Cherokee e os diversos detalhes estilísticos dão um toque refinado ao modelo. Nota 9. Design – Outra “bola dentro” do pequeno SUV pernambucano. O novo Jeep ganhou características estéticas bastante joviais e modernas. E evoca até nos mínimos detalhes a identidade da marca. É o tipo de carro que impressiona melhor ao vivo do que nas fotografias – nas fotos, normalmente parece menor do que é. Nota 9.
Custo/benefício – Os preços do Renegade variam dos R$ 69.900 na versão Sport 1.8 manual aos R$ 116.900 na versão Trailhawk 2.0 – todas oferecem diversos opcionais e podem atingir valores bem acima dos iniciais. Está longe de ser barato, mas traz uma gama grande de preços e deve manter o novo modelo competitivo no segmento, que assistirá esse ano a uma verdadeira enxurrada de lançamentos. A versão Longitude 1.8 E.torQ flex FWD avaliada começa em R$ 80.900 – mas pode ir bem além disso se adicionar seus diversos opcionais. Nota 6. Total – O Jeep Renegade Longitude 1.8 E.torQ flex FWD somou 80 pontos em 100 possíveis.

Primeiras impressões

Rio de Janeiro/RJ - Na briga com os SUVs compactos de marcas generalistas, o Renegade sai na frente por ser um Jeep. Em um segmento de mercado onde o espírito aventureiro é a mais importante ferramenta de marketing, a longa tradição da marca americana certamente vai pesar. Além disso, o Renegade tem atributos para ser um adversário bem “mordedor”, que irá realmente incomodar a concorrência. O modelo mais avaliado em seu verdadeiro habitat – os circuitos urbanos – foi o intermediário Longitude 1.8 E.torQ flex FWD. A expectativa da Jeep é que a versão Longitude seja a mais vendida. A opção com câmbio automático testada é também a versão mais bem equipada com a motorização flex. Nas ruas da Zona Sul carioca, o novo Jeep chamou bastante a atenção. Ao fugir um pouco do circuito previsto para a apresentação, foi possível encarar ladeiras íngremes e até trechos enlameados e cheios de buracos. Não faltaram também engarrafamentos e grandes avenidas, que permitiram retomadas mais vigorosas. Em todas as diferentes demandas urbanas, o modelo se saiu bastante bem. É um compacto agradável de dirigir, com bom comportamento dinâmico e um interior bastante agradável e aconchegante.
No circuito off-road, o modelo pôde exibir as inequívocas habilidades off-road dos modelos diesel dotados de tração 4X4. Embora pensado para o uso mais urbano, o jipinho está longe de fazer feio nas trilhas. Os sistemas eletrônicos tradicionais da marca, como o Select Terrain, se mostram efetivos nesse modelinho leve e de entre-eixos curto em relação aos outros modelos da linha. Dividido entre as versões flex 4X2 e as diesel 4X4, o Renegade aumentou tanto a sua abrangência que é praticamente dois modelos distintos sob uma única denominação. Um Renegade assume o aspecto mais urbano e o outro, o espírito mais radical. De um jeito ou de outro, não restam dúvidas. O Renegade é um Jeep de verdade.

Ficha técnica

Jeep Renegade

Motor 1.8: Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.747 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas ou automático de seis velocidades à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle de tração.
Potência: 130 cv com gasolina e 132 cv com etanol a 5.250 rpm.
Torque máximo: 18,6 kgfm com gasolina e 19,1 kgfm com etanol a 3.750 rpm.
Aceleração 0-100 km/h: 10,8 segundos com gasolina e 10,2 s com etanol com transmissão manual. 12,6 segundos com gasolina e 11,5 com etanol com transmissão automática.
Velocidade máxima: 180 km/h com gasolina e 182 km/h com etanol com câmbio manual e 179 km/h com gasolina e 181 km/h com etanol com câmbio automático.
Diâmetro e curso: 80,5 mm x 85,8 mm.
Taxa de compressão: 12,5:1.
Motor 2.0: Diesel, dianteiro, transversal, 1.956 cm³, turbo, quatro cilindros em linha e quatro válvulas por cilindro. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio manual automático de nove velocidades à frente e uma a ré. Tração integral. Oferece controle de tração.
Potência: 170 cv a 3.750 rpm.
Torque máximo: 35,7 kgfm a 1.750 giros.
Aceleração 0-100 km/h: 9,9 segundos.
Velocidade máxima: 190 km/h.
Diâmetro e curso: 83 mm x 90,4 mm.
Taxa de compressão: 16,5:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Traseira independente do tipo McPherson, links transversais/laterais, barra estabilizadora, amortecedores, hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais.  
Pneus: 215/65 R16 (Sport) e 215/60 R17 (Longitude).
Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. Oferece ABS com EBD.
Carroceria: Utilitário compacto em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. 4,23 metros de comprimento, 1,80 m de largura, 1,66 m de altura e 2,57 m de entre-eixos.
Peso Sport MT5: 1.393 kg.
Peso Sport AT6: 1.432 kg.
Peso Longitude AT6: 1.440 kg.
Peso Sport 2.0: 1.629 kg.
Peso Longitude 2.0: 1.636 kg.
Peso Trailhawk 2.0: 1.674 kg.
Capacidade do porta-malas: 260 litros (1.300 litros com bancos rebatidos).
Tanque de combustível: 60 litros.
Lançamento mundial: 2014.
Lançamento no Brasil: 2015.
Produção: Goiana, Pernambuco.

Itens de série

Sport AT5: Ajuste do volante em altura e profundidade, apoia-braço com porta-objetos, ar-condicionado, banco do motorista com regulagem de altura, banco traseiro bipartido 60/40 e rebatível, bolsa porta-objetos atrás dos bancos dianteiros, chave canivete com telecomando, cinto traseiro central de 3 pontos, cintos de segurança dianteiros com ajuste de altura, volante multifuncional, computador de bordo, controle eletrônico anticapotamento, estabilidade e tração, direção elétrica, encosto de cabeça central, espelhos retrovisores elétricos, cruise control, freio de estacionamento elétrico, hill assist, faróis e lanterna traseira de neblina, estepe full size, limpador e desembaçador dos vidros traseiros, ganchos de fixação de carga no porta-malas, Isofix, luzes diurnas, maçanetas externas e retrovisores em acabamento preto, para-sol com espelhos cortesia, Panic Break Assist, pavimento do porta-malas com revestimento duplo, porta-óculos, quadro de instrumentos com tela TFT de 3,5 polegadas, rádio integrado ao painel com RDS e porta USB, repetidor lateral nos retrovisores, retrovisores externos elétricos, transmissão manual de cinco velocidades, rodas de liga leve de 6 polegadas, sensores de estacionamento traseiro, vidros elétricos nas 4 portas com one-touch, sistema de áudio com 6 alto-falantes, USB e Bluetooth.
Preço: R$ 69.900
Sport AT6: adiciona câmbio automático de seis marchas.
Preço: R$ 75.900
Longitude (1.8 e 2.0): adiciona rack do teto na cor preta, rodas de liga leve de 17 polegadas, sistema de áudio com tela de 5 polegadas sensível ao toque e comando de voz, sistema de navegação GPS, tapetes de borracha, porta-objetos sob o assento do banco do passageiro, tomada 12V, tomada 12V no porta malas, revestimento externo nas colunas das portas e volante com acabamento em couro.
Preço: R$ 80.900 (1.8 AT6) e R$ 109.900 (2.0 4X4 AT9).
Sport 2.0: itens da Sport 1.8 + seletor para 4 tipos de terreno e revestimento externo nas colunas das portas.
Preço: R$ 99.900.
Trailhawk: itens da Longitude + seletor para 5 tipos de terreno, sensor de chuva, pneus 215/60 all-terrain, retrovisor eletrocrômico, rack do teto na cor cinza, protetor de cárter, de transmissão, de tanque e de diferencial, suspensão off-road com altura mais elevada do solo e painel de instrumentos em TFT colorido de 7 polegadas.
Preço: R$ 116.990.
Autor: Luiz Humberto Monteiro Pereira (Auto Press)
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias

Nome próprio - Na briga com os SUVs compactos de marcas generalistas, Renegade aposta no “status” de ser um Jeep

Fonte: Salão do Carro
Categoria: Testes
Publicado em: 25 Mar 2015 08:20:00

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